sexta-feira, 26 de junho de 2015

A Carne - Júlio Ribeiro



Resumo 

                                                                                                                              

                                                                                                                    



Capítulo I
   
Por Bruno Magalhães
   
      A obra começa com uma introdução à vida da personagem Lopes Matoso e com o  nascimento de Helena — ou Lenita, como é chamada —, filhinha que foi deixada por sua  esposa, que veio a óbito durante o parto. Embora o falecimento da sua mulher tenha sido  impactante, Lopes consegue reorganizar sua vida, mudando-­se para uma chácara no interior  e dedicando sua vida ao manuseio de livros e à filha, que cresceu robusta, sadia e dotada de  conhecimento além do vulgar devido às instruções a que foi submetida.  Em um dado dia, Lopes Matoso falece subitamente, destruindo Helena  emocionalmente e dispersando toda a estabilidade cultural e superioridade que deixava  transparecer; ela sofria com dores, inquietude e passava a maior parte do tempo isolada em  seu quarto, recebendo poucas visitas de conhecidos que prestavam condolências. Em meio a  esta situação, Helena decide escrever ao Coronel Barbosa, que foi tutor de seu pai durante a  infância, comunicando que se retiraria para a fazenda dele.    

Capítulo II

       Ao chegar à fazenda do Coronel Barbosa, Helena ainda estava no ápice do seu  sofrimento. Ela comia isolada, geralmente na vastíssima varanda da casa em que ficava, e  tentava se distrair com a leitura dos inúmeros livros que havia levado com a mudança, mas as  lembranças do pai sempre vinham à mente; Helena também saía pela fazenda e tentava  admirar as paisagens, mas nada foi de proveito.  Em uma manhã, Helena não conseguiu se levantar da cama, pois estava muito  doente. O doutor Guimarães é chamado pelo Coronel, que estava muito preocupado com a  “nova filha”, e um medicamento é aplicado sobre ela.    


Capítulo III 

        Após ter passado muito mal e ser medicada, Lenita acordou calma, mas muito abatida  como consequência. Gradativamente, ela recuperou o apetite, o ânimo e começa a sinalizar  mudanças psicológicas, pois começa a abandonar o gosto pelas ciências e, dos livros que  havia levado à chácara, selecionou somente os mais sentimentais e passou a ter o desejo de  se colocar à disposição de alguém — considerando, inclusive, o casamento por ter pensado  nas necessidades que supostos filhos teriam dela.  A esta altura, a morte do pai já não era muito impactante e desejos pelos quais Lenita  não tinha interesse começam a se manifestar, sobretudo quando ela observa uma estátua de  bronze do Gladiador Borghese, com a qual começa a ter delírios eróticos.




 Capítulo IV

      Após ter desmaiado graças ao prazer pelo qual passara na noite anterior, Lenita  acorda sadia. 
Durante o dia, ela passeou pela chácara para observar a natureza, andar a  cavalo, saltitar, correr, caçar animais e se banhar em um lago que havia roubado sua atenção  e admiração. Ela resolve tirar toda a roupa e se banhar nas águas.  Após um dia relaxante, Lenita retorna à fazenda e o coronel Barbosa se surpreende  com o seu vigor, já que, há pouco tempo, ela estava completamente desnorteada e enferma.  

Capítulo V                                                                                                             

  Por Raphael Mazza

Logo no início do capítulo temos a figura dos negros em esforços braçais bem descritos pelo autor, e vistos com muitos detalhes por Lenita quando ela observa a situação em que eles preparam o moinho. Lenita não se cansava de observar o engenho e se interessava por tudo o que acontecia lá e sempre perguntava ao coronel sobre o engenho e seu funcionamento como um todo. Ela chega ao ponto de despertar interesse do coronel, quando ele diz que deveria ter se casado com ela, pois ela seria uma boa administradora do engenho.
Em conversa com o coronel, Lenita desperta interesse em saber a respeito de Barbosa. O coronel fala sobre ele como um filho que aprecia muito a prática de leitura, “esquisitão” e que gosta de caçar.

Lenita e o coronel conversam sobre Barbosa, e Lenita fica muito interessada em conhece-lo, já que se trata de um rapaz casado, mas separado, excêntrico e bem instruído para a sua idade na casa dos quarenta. Em outra ocasião, Lenita tem a oportunidade de falar com um dos escravos e ele mostra sua ferida para ela e pede que Lenita fale para o coronel tirar o ferro que ele carrega como punição. O coronel então explica a ela que os escravos não têm escrúpulos e devem ser punidos, mas como ela quem pede, ele então retira o ferro do escravo. 


                                                                                                                             

Capítulo VI

 Por Tallyta Almeida

Mudança de Estação
“ A lascívia da flora se vinha juntar o furor erótico da fauna” 
Em toda parte os bichinhos desejavam-se, procuravam-se e encontravam-se no ardor da sexualidade, no espasmo da reprodução.
Lenita estava preguiçosa, vivia na mata entregando-se a moleza erótica que estilava das núpcias da terra. Voltava a casa sempre pensando no caçador excêntrico (Manuel Barbosa) que idealizara.

Lenita torna-se cruel beliscando e machucando os animais, sente prazer no sofrimento alheio.
O escravo que Lenita defendeu foge, assim como o Coronel havia dito, mas foi trazido de volta, amarrado, carregado por dois caboclos. O coronel diz que vai castigá-lo, Lenita não interfere, deseja ver a dor do escravo, ao contrário da compaixão que sentira anteriormente pelo mesmo escravo. 
Discretamente, Lenita descobre como o escravo será castigado e quase não dorme com medo de perder o espetáculo. Saiu cedo, ainda estava escuro, sem que ninguém a visse, passa pelo pomar e corre a casa do tronco. Com uma tesourinha faz um buraco na parede, mas não avista nada pois estava muito escuro lá dentro.
Quando o sol raia, ela levanta-se rapidamente e observa a casa do tronco. Entra o administrador e dois caboclos e castigam o escravo fugitivo. Lenita sente espasmos de prazer com a surra que o escravo e sorri cruelmente.



Capítulo VII

Tempo chuvoso (cerca de duas semanas de chuva sem cessar)Lenita passava a maior parte do tempo lendo. O coronel anuncia que Manuel Barbosa está chegando. 
Ela se empolga se arruma e se adorna das melhores joias, mas fica decepcionada com Manuel Barbosa. Tranca-se no quarto e cai em prantos. Começa a refletir angustiada sobre como idealizara o filho do Coronel e planeja morar em São Paulo, viajar pela Europa e ter muitos amantes.



Capítulo VIII



Cessa a chuva e surge o tempo esplêndido.
Lenita acorda bem de saúde, mas é torturada pela lembrança de Manuel Barbosa e em pensar em encontra-lo. Muito Contrariada vi almoçar e ao saber que Barbosa chegou e saiu ficou contente, estava decidida a ir morar em São Paulo. Almoçou com prazer, tocou piano, passeou e pensou poucas vezes em Barbosa, achando-se ridícula por ter o idealizado como herói. 
A noite arruma e embala seus bronzes e bibelôs e um pouco mais tarde ouve barulhos da volta de Manuel Barbosa.
Lenita levanta-se cedo, e sai pelo pomar e procura na laranjeira um ninho, quando sente cheiro de perfume e charuto, distrai-se e quando volta a laranjeira topa com Manuel. 
Fica atônita, confusa, aquele Manuel era diferente daquele que vira na véspera, começam a conversar e a partir desse momento passam a fazer tudo juntos. Manuel pensa que não conseguirá mais viver e fazer as coisas senão for ao lado dela.


   Capítulo IX 

    
Quebrara em Santos uma casa comissária importantíssima. O coronel perdia na quebra dinheiro.
Ficou decidido que Barbosa partiria no dia seguinte para Santos para tentar salvar alguma coisa. Depois do almoço conversou durante um bom tempo com seu pai, discutiu e fez contas. 
Quando Barbosa se despediu, Lenita sentiu um vazio imenso, a viagem para Santos a torturava.
Quis ela mesma fazer as malas de Barbosa, não queria que uma escrava arrumasse as malas.
Seguiu a mucama até o quarto de Barbosa, entrou ali pela primeira vez.
Ao entrar, Lenita sentiu um embaraço inexplicável, parecia-lhe que respirava indecência naquele aposento de homem. 
Começou arrumar as coisas de Barbosa, a mucama sai para buscar algumas roupas  e Lenita ficou só.  Automaticamente, inconscientemente, atraída, puxada pelos nervos pôs as mãos no colchão, curvou-se e aproximou a cabeça e sente um prazer delirante. Trincou nos dentes a fronha , gemendo, ganindo. A mucama entra e se assusta e grita achando que Lenita estava tendo um ataque, ergueu Lenita pelos braços, sacudindo-a com força. Lenita se recompõe e diz que era apenas uma vertigem e saiu do quarto.
A tarde, Barbosa estranha o comportamento de Lenita de não procura-lo e não respondia o que ele perguntava. 
Barbosa se despediu dos pais porque não queria acordá-los de madrugada.
Tira uma garrafa de conhaque no armário, bebeu um cálice, acendeu um charuto. Entrou a pensar em o que Lenita teria, se estaria doente ou eram as regras. Percebeu-se apaixonado por Lenita, mas onde iria isso parar se ele era velho e casado ? E como uma rapariga iria se apaixonar por ele? Deitou-se.
Às  três levantou-se sem ter conciliado o sono e se preparou para partir. 
Lenita também não conseguiu dormir e ao ouvir o barulho da partida de Barbosa  abriu a janela e inconscientemente atirou um beijo ao espaço. Certa de que ninguém a vira, fechou a janela, deitou na cama e desatou a chorar.
Amanhece, Lenita levanta e sai a passear pelo pomar, a calma da natureza a irritava. Tudo lhe falava de Barbosa e só pensava nele. Mal almoçou jantou ainda pior.
Ao entardecer foi sentar-se angustiada em um bosquezinho e contemplava o amplo cenário, abstrata, distraída, imersa, em cisma, olhando sem ver. Observa o ato sexual de um touro e uma vaca, em vez de julgar um ato imoral e sujo, ela achou-o grandioso e nobre em sua adorável simplicidade. 
Ouve assobios e também presencia o ato sexual entre uma escrava e um escravo. 
Abalada em seu organismo recolheu-se fraquíssima. 

O coronel tinha passado mal a noite e não se levantara durante o dia, Lenita foi vê-lo, demorou-se um pouco, retirou-se para seu quarto e trancou-se.                                                                                                                    

                                                                                                                           
Capítulo X
 
Por Beatriz Xavier

Lenita acaba por espionar uma determina prática religiosa realizada pelos escravos, acaba se surpreendendo com a situação. Em todo momento permanece com a curiosidade cientifica a respeito do ato.

Capítulo XI

   Final a protagonista, depois de sofrer pela distância de seu amor, acaba por receber uma tão preciosa carta de Barbosa. Entretanto acaba se decepcionando com o ocorrido. A carta trata-se apenas de uma descrição a respeito de Santos.
Nesse capítulo somos capazes de ver a oscilação da personalidade de Lenita, passando de uma mulher extremamente racional, para uma mulher impulsionada pelos seus sentimos.


Capítulo XII

     Temos Lenina voltando ao seu comportamento racional e indo caçar. Nesse meio tempo acaba por ser surpreender com o retorno de Barbosa, fica encantada com seu retorno e seus impulsos sentimentais voltam a tomar forma.
Enquanto isso, o pai de Barbosa descobre um negro que vem sabotando-o. Joaquim Cambina vem libertando escravos e mesmo os matando. Nos é apresentada a escravidão da forma mais cruel e o confronto e desgosto entre negros e brancos naquela situação de poder irracional e desumana.
Ao voltar para junto dos demais escravo Joaquim Cambina é torturado e morto.

Capítulo XIII                                                                                                       

 Por Raphael Mazza

A fazenda do coronel funcionava como os antigos feudos da idade média em que os donos de terras eram soberanos e tudo devia ocorrer conforme ordenassem, e as leis não funcionavam de forma igualitária para os escravos, e seus proprietários eram quem decidiam como fazer justiça com eles, sendo que o coronel afirmava não ser a favor de impunidades.
Lenita acompanhava Barbosa em atividades de caças e tinha maios astúcia sobre as mesmas.
Ela tem a oportunidade de atirar em um alvo, e acerta uma cutia, tenho êxito com a espingarda e sente muito prazer ao ver o animal sangrando no solo. Lenita deixa transparecer sua ansiedade com a caça e sua hiperatividade e se sente muito orgulhosa com seus tiros e com o sofrer dos animais.
Lenita sai para caçar afastada de Barbosa, mas é fragilizada quando sofre uma picada de cobra, e manda que chamem Barbosa de imediato. Logo, ele suga o veneno e a leva para casa.

Lenita fica fragilizada, e com o auxílio de Claude Bernard ela se recupera da picada que podia ter sido fatal, e Barbosa permanece ao seu lado a todo o momento possível. 


Capítulo XIV                                                                                                         
  
Por Raphael Mazza 

Lenita fica abalada psicologicamente durante o processo de recuperação da picada da cobra, e entra em um estado depressivo, perdendo o ânimo para a leitura, caça e outras atividades que gostava, e Barbosa se mantém reservado alimentando uma paixão por Lenita. As atividades de Barbosa ficaram estagnadas também. Ele saia para caçar, mas apenas observava todo o cenário da fazenda sem o ânimo que sentia ao lado de Lenita.
Certa vez Barbosa estava em caça, quando se depara com Lenita em toda a sua formosura presente ao seu lado, e beija seus pés, se rendendo plenamente a paixão por ela. Barbosa pensa em casamento com Lenita, apesar de não ser possível se casar com outra mulher, já que apesar de separado já era casado, e divórcio e um novo casamento não era algo viável na época em que se apaixonara por Lenita, então passa a questionar os valores e costumes da sociedade. Barbosa chega a conclusão de que serão amantes. Lenita vai até o quarto de Barbosa, mas ele acaba recusando seu amor e apenas a beija na testa. Ela deixa transparecer ao coronel na ceia que não estava bem, e vai para o quarto em estado melancólico.
Aparecem os primeiros sinais de histeria de Lenita, e ela não resistindo às tentações da carne, parte para o quarto de  Barbosa e o seduz, e após resistir muito Barbosa se entrega aos prazeres da carne com Lenita. 

                                                                                                                          
Capítulo XVI
    
 Por Mayke Suênio

                Lenita se desfaz da mucama para poder ter com Barbosa em seu quarto; o coronel estranha a decisão de que ela passe a dormir sozinha, preocupado que ela passe mal durante a noite; ela o tranquiliza e diz que não acontecerá, e que o fato ter dispensado a mucama é porque ela rocava, e isso estava impedindo seu sono.
                À noite, silenciosamente, Barbosa vai até o quarto de Lenita e faz de tudo para não ser descoberto. Ele se esvanece de poder possuir Lenita a seu bel prazer. Começava a realizar com Lenita seus desejos e suas maiores fantasias sexuais. Os prazeres da carne se davam em todos os lugares em que estivessem juntos, Lenita cedia, entregue ao gozo do prazer.
                Uma noite Barbosa não vai ao seu quarto, Lenita preocupa-se e vai até o seu. Ao chegar lá, ouve de Barbosa que está com uma enorme enxaqueca, pede que Lenita o deixe só; Lenita não obedece e passa a cuidar de Barbosa, que adoece. Lenita cuida dele até que fique completamente curado.

Capítulo XVII
                
        Havia começado a nova moagem na fazenda, porém, um acidente interfere a continuação do processo; um negrinho prende o braço na máquina de moagem, e o pai, para salvar-lhe a vida, acaba a quebrando. Tudo para; os escravos culpam a Caipora, outros ao próprio diabo. Barbosa é enviado, por seu pai, à Ipanema, para encomendar uma nova máquina, que deveria ficar pronta o mais rápido possível. Lenita fica triste por saber que ficará longe de Barbosa mais uma vez; acredita estar apaixonada por ele. Passa a acreditar que a partida de Barbosa a afetará impreterivelmente, mas não acontece, pelo contrário, a presença de Barbosa chega a aborrece-la.
           Lenita despede-se de Barbosa sem nenhum tipo de sentimento, se não, total indiferença. Como deduzira, não ficou triste como da última vez. Chegou até a se sentir vaidosa por saber que Barbosa a queria; sentia-se mais lisonjeada pelo fato de ele lhe desejar, do que saber que ele pudesse sentir algum tipo de amor por ela.
        A relação de Lenita e Barbosa era vista como simples cumplicidade pelo coronel, mas era grande motivo de zombaria entre os escravos da fazenda.
Lenita decide organizar as coisas de Barbosa. Ao mexer nas gavetas, Lenita encontra uma caixinha com um curioso conteúdo: Cartas, poesias, mechas de cabelos e outras coisas que a fazem deduzir que Barbosa era um grande mulherengo. Aquela revelação a enfurece, e acredita ser, para Barbosa, somente mais uma das muitas mulheres que teve e que tão carinhosamente recordava com os objetos guardados na caixinha. Lenita raciocina que o amor é uma desculpa para uma demanda social, e que o casamento é pura invencionice da sociedade para a manutenção dessa ideia de “família”; o que tivera com Barbosa não passara de um desejo carnal, necessidade humana. Quis chorar a traição, mas se conteve, pois descobrira que somente havia se entregado às suas necessidades fisiológicas, Barbosa não passara de um instrumento para suprir essa necessidade, poderia ter suprido com qualquer um.
         Lenita começa a sentir grandes apetites, tonturas, enjoos; Lenita descobre que está grávida. Assim que tomou consciência da gravidez, algo ocorre com ela, começa a sentir algo que define como “um sentimento ridículo guinado ao sublime pelo romantismo piegas”, o amor materno. Estava indecisa do que fazer; decidiu então parir e cria-lo. Lenita decide voltar para São Paulo, informa ao coronel sua decisão, este fica muito triste por saber de sua partida e pede que espere por Barbosa, ela diz que não. Lenita vai embora para São Paulo.


Capítulo XVIII

Seis dias após a partida de Lenita, Barbosa volta de viagem e espera ansiosamente reencontrar a moça; a imagina em várias situações, à sua espera, imaginado a alegria que sentiria ao vê-lo retornar. Olhava para as janelas, mas não a via, ao passar pelo terreiro, encontra um grupo de crioulinhos que se alegram com seu retorno, eles começar a fazer algazarra para que todos saibam que Barbosa voltou; Barbosa faz todos se calarem, pois quer surpreender Lenita e seus pais, que, imagina ele, estão proseando na varanda. Ao chegar na varanda, não encontra ninguém; vai até o quarto do pai, e lá o encontra deitado sofrendo de reumatismo e sua octogenária mãe “cabeceando”. O pai interroga Barbosa sobre os sucessos das negociações, ele, porém, não pergunta de Lenita ao pai, pretende surpreende-la em seu quarto. Barbosa vai à sala de Lenita e a encontra vazia, segue para o quarto e não encontra nem resquícios da moça; volta desesperado para junto do pai para questionar o sumiço da moça; ele lhe responde que Lenita se fora, que voltou para São Paulo. Barbosa entra em um estado de profunda reflexão, pois começa a pensar que não mais veria Lenita. Barbosa reflete sobre sua vida, seu casamento, as mulheres que teve, e seu vasto conhecimento sobre o sexo feminino, porém, não entendo como pode ter se apaixonado como um garotinho sem experiência por uma mulher como Lenita. A lembrança de Lenita o corroía por dentro, tudo remetia à ela; chega a preferir que ela tivesse morrido da picada da cascavel, antes de ele ter tido tempo de se apaixonar. Lhe passa pela mente a ideia de suicídio, mas decide adiar tal decisão. Barbosa é tomado por uma súbita mudança nos seus hábitos, passa a dormir somente à base de morfina. Começa a cuidar dos afazeres da fazenda, e isso chega a espantar o seu pai.
Em meados de outubro, pai e filho recebem, cada um, uma carta de Lenita; Lenita descreve as mudanças que estão ocorrendo na cidade, em vários aspectos: construções, ruas, casas, comércio, industrialização e etc. faz, também, uma curiosa citação em que insere Júlio Ribeiro (autor da obra), caracterizando-o. Após todas as descrições, passa a falar diretamente à Barbosa e o caso que tiveram; Lenita revela, na carta, que está grávida de três meses e que precisa de um pai para seu filho; como Barbosa é casado e não está vigente, em São Paulo, a lei do divórcio, decidiu encontrar um substituto para pai de seu filho. Lenita afirma ter encontrado um pretendente a esposo e pai do seu filho (Dr. Mendes Maia), e lhe impõe diversas condições para casarem-se; fala que o que houve entre ele e ela não será esquecido, por ambos; informa que vai à Europa com seu futuro marido, e que seu filho, se for menino, chamar-se-á Manoel, se menina, Manoela.
Barbosa fica furioso, rasga a carta e joga num lamaçal com porcos, despeja xingamentos; seu pai questiona o que leva a tal acesso de fúria; ele o diz que Lenita se casará; o pai diz ter recebido a mesma notícia e que não entende a moça, que dizia que nunca se casaria. Barbosa passa uma noite intranquila e não consegue dormir, não fez uso de morfina.
No dia seguinte, Barbosa vai dar uma volta para conferir as atividades da fazenda, mais tarde, pede para que lhe preparem um banho, tomou vinho e retirou de uma gaveta uma caixa com uma seringa e uma ampola de porcelana, um conjunto de objetos para preparo de alguma infusão. Lê o conteúdo do frasco, era um veneno paralisador: Curare.
Barbosa prepara o conteúdo e o aplica em si. Após dois minutos, começa a sentir os efeitos do veneno, seu corpo começa a ficar paralisado. O pai começa a chamar pelo filho, que não responde; pergunta para uma escrava onde ele poderia estar, ela lhe informa do banho. O Coronel vai até o quarto e o encontra deitado, chama por ele, mas não ouve resposta, mexe no braço, mas não vê reação, o filho está quente e mole. O coronel acha que seu filho está morto e grita pela casa o ocorrido. A mãe, desesperada ao ouvir a voz do marido lamentando a morte do filho, levanta, sem forças, de onde está, e se arrasta até o quarto do filho; ela chega e lhe beija. Barbosa, que ainda estava vivo, lamenta não ter dedicado sua vida a algo mais valioso, como seus pais; arrepende-se de ter tomado tal medida, mas não tem como voltar atrás. A paralisia que tomou o corpo só o permite pensar; por fim, ela atinge os órgãos e o cérebro. Barbosa morre.

O Missionário - Inglês de Sousa


                                                  

Resumo da obra “O Missionário e a Crítica entre o vídeo Like A Prayer”. Madonna X Padre Antônio de Morais
  Por Meire.

     O Missionário de Inglês de Sousa revela uma forte influência do escritor francês Émile Zola e foi publicado em 1881. A obra retrata o cotidiano em uma cidade pequena do Pará com extrema fidelidade, observação e exaltação da natureza regional, foi originada de um conto chamado O Sofisma do Vigário e é considerada um romance de tese. Isso ocorre devido à proposta de apresentar um conflito entre o instinto animal e a vocação para o sacerdócio. A vítima do antagonismo é o Padre Antônio de Moraes, que não resiste aos encantos de Clarinha, uma mameluca.
       No romance, o padre parte para Silves, um pequeno povoado do Pará localizado na entrada da floresta amazônica. Por lá, apresenta-se como um sacerdote correto, mas o cotidiano do local começa a entediá-lo, e surge a ideia de se aventurar pela mata, com o intuito de catequizar os índios munducurús o que causa admiração por parte dos moradores por ser uma tarefa difícil nunca tentada antes, pois muitas lendas eram contadas sobre os índios inclusive a prática do canibalismo. Porém, durante o percurso da viagem fica doente devido ao tempo que passou na mata, e ao chegar ao sítio de João Pimenta, conhece a mameluca Clarinha, neta de Pimenta. Após recuperar suas forças, o religioso passa a reparar na menina, colocando-o em uma situação delicada perante sua filosofia de vida. Apesar da forte atração que sente, tenta relutar por não querer repetir o erro de outros antecessores, pois se considera inabalável na sua missão como missionário alegando jamais desviar-se.
        No entanto, devido à carência e as circunstâncias acaba se rendendo aos encantos de Clarinha o que contradiz com sua visão de missionário. E ao voltar para Silves, repete o que considera “desvio” por parte de seu antecessor, levando Clarinha consigo para viver clandestinamente alegando ser uma serva que irá cuidar da casa e é recebido com honras pelo povo da cidade já que o considerava morto por sua destreza realizando uma missão tão difícil em prol da população, no caso os indígenas.

Crítica entre O Missionário de Inglês de Sousa e o Clip Layk A Prayer de Madonna

                                         










    

 Like A Prayer 1989                                                  O missionário, 1881. 


Inglês de Sousa nasceu em 28/12/1853, e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em  06 /12- 1853/ 06-09-1916.Madonna Louise Veronica Ciccone  16/08/1958
         O Realismo foi uma escola literária que combatia os ideais românticos. O surgimento ocorreu enquanto o mundo vivenciava o nascimento do socialismo e da segunda Revolução Industrial. No Brasil foi inaugurado em 1881.
Romance de Tese
“O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado”. Alfredo Bosi”.


Padre Antônio de Morais X Madonna

“Espírito propenso à rebeldia”, “Conflito entre a Teologia dogmática e a filosofia moral” p.12 -13).



                                                       
             

“A falta de devoção do povo de Silves. O amor pelo lucro que os levava a abandonar pelos negócios os caminhos  da salvação” p. 63  cap. V)

Madonna

“As pessoas ainda não sabem como sou boa, mas logo vão saber. Daqui a alguns anos, todo mundo vai saber. E pra falar a verdade, estou planejando me transformar numa das maiores estrelas do século. Disse Madonna, em 1983, em uma de suas primeiras coletivas de imprensa, após o lançamento de seu álbum de estreia” (TARABORELLI, 2003, p.102).
Padre Antônio de Morais
“Antônio de Morais criara para si um mundo á parti, e ardia em desejos de reproduzir neste século as lendas que enchiam aqueles livros santos”,p.42)
Madona X Padre Antônio de Morais
 “A heresia era evidente e desta vez complicada desobediência e desrespeito formais” p.15

“Missionar, pregar o evangelho e morrer nas mãos dos índios, não podia haver nada mais glorioso para um verdadeiro ministro do altar” p 66. Cap VI)                                                                  
        A relação de crítica entre O Missionário e O Clip Like A Prayer é que tanto Madonna quanto o Padre Antônio de Morais tinham em comum a formação religiosa de Madona e a severa disciplina do Padre, que o reprimiu da infância ao seminário. No clip, começa com o nome da cantora. “Madonna” significa “Mãe de Cristo”, sua família era muito religiosa. A foto da capa do clip com a imagem sensual de uma calça Jeans é uma crítica em resposta à sua mãe que considerava a mulher que usava Jeans uma herege. Tanto o padre quanto a cantora almejavam ascensão social o padre quando entra em contato com a natureza selvagem dos índios, mesmo tendo consciência do perigo, (O Jornal Baixo Amazonas fala sobre os índios “Munducurucânia” atacarem o povoado de S. Tomé, sob o governo de José Maria Paranhos, p.58), busca somente o prestígio, esquecendo-se do zelo missionário. Pois segundo ele, mesmo ariscando-se a morrer nas mãos dos índios [...] ganhando a glória que perpetua uma personalidade na memória dos homens, asseguraria o triunfo de sua causa perante o tribunal do juiz indefectível. E que “era preciso ser” um herói para a comunidade e um mártir para Deus” p. 63, cap. v)
      O clip Like A prayer segundo pesquisas foi o trabalho mais importante da Madona, pois além da repercussão social, representa uma fase de amadurecimento da cantora. Para Inglês de Sousa, apesar de o autor ter escrito outras obras anteriormente. ‘“O Missionário” foi o que lhe deu ascensão social literária. Tanto a obra quanto o clip mostram características típicas do Realismo / Naturalismo, como demonstração de condicionamentos circunstanciais, sociais e biológicos. Também enfoca as teorias do Determinismo e Darwinismo em que o meio determina o homem, e segundo Darwin o homem é uma animal e portanto segue seus instintos sendo comprovado por meio do Ceticismo da ciência que  tudo se justifica.


Fontes:
SOUSA, Inglês de. O missionário.  3 ed. São Paulo: Ática, 1987
http://educacao.uol.com.br/biografias/ingles-de-sousa.jhtm
 http://educacao.uol.com.br/biografias/ingles-de-sousa.jhtm
http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira08/noticias8/noticia8.htm
Link:http://www.vagalume.com.br/madonna/like-a-prayer.html#ixzz3XtuUbSfp
http://madonnamadworld.com.br/tag/barack-obama
http://www.infoescola.com/literatura/realismo/

http://madonnaonline.com.br/especial-like-a-pray

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Resumo das ações de enredo do texto Dona Guidinha do Poço, de Manoel de Oliveira Paiva.

 

Parte I

 

No capítulo I, há uma apresentação do ambiente em que a história será contada, sua localização e o nome de um fazendeiro muito rico chamado Reginaldo Venceslau de Oliveira, que deixando grandes posses para filhos e netos chega a sua primeira neta herdeira de toda sua fortuna a Margarida, filha do capitão-mor e casada com o Major Joaquim Damião de Barros.
Neste primeiro momento, o autor deixa clara a condição dessa personagem principal que é: neta de homem rico, casada, moradora da fazenda Poço da Moita e herdeira de toda riqueza da família. Temos então a apresentação pela posse, não só de bens, mas do poder que exerce nesse espaço, quando se explicita que seu marido se enquadra nessas posses, Margarida  possui não apenas dinheiro, mas pessoas também.
“Poço da Moita por último passara para Margarida, a primeira neta do Reginaldo, filha do Capitão-mor, casada com o Major Joaquim Damião de Barros, um homenzarrão alto e grosso, natural de Pernambuco – uma boa alma. Viera ao Ceará à compra de cavalos, e por cá ficou amarrado aos amores e aos possuídos da muito conhecida Guidinha do Poço.”
Na segunda apresentação da personagem Margarida, tem-se a ideia de que ela não é uma mulher comum da época, não é uma mulher submissa e sugere essa herança do pai que, mesmo sendo um mandão, não controla a própria filha.
“Margarida, isto é, a Guidinha, apesar de sua princesia, não casou tão cedo como era de supor. Parece que primeiro quis desfrutar a vidoca. Seu pai, o segundo Venceslau, capitão-mor da vila, possuía larga fortuna em gados, terras, ouro, escravos... Fora rico e um mandão”.
Sobre a educação de Margarida mostra-se outro paradigma, por ser rica, supõe-se uma menina mais recatada, com uma educação mais culta, entretanto, diferente do que se espera, Guidinha é mimada pela avó, que a protege da rispidez do pai, e se torna uma menina mais livre, sem freio. Na escolaridade Guidinha aprendeu o básico, ler, escrever, contar e a educação religiosa como o catecismo, mas, de certa forma, diferente do que era esperado para uma menina com as suas condições, pois aos catorze anos ela atravessa o rio Curimataú por desafio de uma amiga.
Essas revelações são importantes para construção da personalidade de Guidinha, como uma mulher sem medo, corajosa, de gênio forte, inclusive masculinizando-a por algumas atitudes e pela forma como lida com sua sexualidade, de maneira mais liberal.
No capítulo II, Guidinha já está casada e sua descrição está voltada para a forma como conduz esse casamento, sua fazenda, sua casa e como interage com esse ambiente seco.
“Margarida era extremamente generosa para os retirantes que passavam pela fazenda. O que lhes pedia era que não ficassem; dava-lhes com que se fossem caminho fora a procurar salvação nas praias, que era só para onde Rainha olhava. Tinha duas escravas incumbidas unicamente de servi-los, já a dar leite cozido as criancinhas, já a passar na água alguns molambos que as pobres mães não tinham força para lavar (...).”
E de algum modo incomodava seu marido essas atitudes, mas ele também era submisso e sua índole é descrita como um poço ou como próprio autor usa um abismo.
“Margarida era como um palácio cuja fachada principal desse para um abismo.”
No capítulo III temos, finalmente, as características físicas dessa mulher, até então descrita apenas por suas atitudes e posturas.
“(...) não parecia contar já seus trinta e cinco anos de idade. Os cabelos tinha-os de uma castanho encrespado, e pele lisa, e uma destra facilidade de movimentos, com umas risadas que pareciam ecoar pelo serrotes peludos da frondagem.”
Temos já uma mulher de meia idade, mas de uma beleza singular, uma pele lisa. A importância dessa descrição está para chamar aos acontecimentos seguintes, a aparição de Luís Secundino de Sousa Barros, sobrinho do seu marido.
Nos próximos capítulos teremos a não descrição desse novo personagem, mas uma impressão de quem é o Secundino através de suas atitudes, suas ambições, sua fala e o motivo pelo qual leva a sair de sua cidade e chegar à fazenda.
Secundino, como foragido da justiça, chega à fazenda do tio sem saber em que terras pisava, e quando é reconhecido esse parentesco Guidinha o trata como hóspede e ele  enche os olhos pela vida e as posses que o tio conseguiu. A própria Guidinha também foi considerada por ele como uma escolha de bom gosto do tio. Em sua fala com o vaqueiro:
“E, como este, eram galanteios e otimismos para toda parte, achar tudo muito bom e muito belo.”
Sua curiosidade interesseira emerge quando observa o lugar que o tio vive e manifesta suas interrogações com o menino enviado pela senhora a fazer companhia como: se margarida tinha filhos, como era o tratamento com seus criados, se era muito rica. Essa interação para conhecer o território que estava e totalmente rodeado de interesses.
“O rapaz corria o olho pela fazenda, na qual já lhe ia parecendo ter parte. Muito gado, em vista da falada crise.”
Apesar de receber muitos retirantes, existem momentos em que a família de Joaquim não aceita tão bem esta situação. O acontecimento citado é a seca, que podemos entender como uma pista da mudança de comportamento dos personagens, não sendo sempre tão cordial. Logo, a isso é ligada a situação de um dos recebidos pela família, Secundino, que chega à fazenda ocasionalmente, como já referido, revelando complicações na sua cidade. Isto não afasta a senhora Guidinha, ao contrário, demonstra uma defesa ao sobrinho que necessita de ajuda. Temos aqui mostras dos sentimentos dos personagens, e defesas de valores que serão revelados no decorrer do livro. Prosseguindo, Secundino vai almoçar e é convidado para sentar ao lado de Seu Antônio mostrando na relação entre os dois a irrelevância do criado para o Secundino e a percepção disso pelo vaqueiro com seus monólogos interiores.
No decorrer da trama há o encontro entre tio e sobrinho. Este é um outro ponto chave. Outros personagens também se manifestam, mas apenas seguindo as ações diárias, que é o caso de Naiú e seu Antônio, cuidando dos animais. A preocupação deste com seu trabalho é tão grande que em um momento interrompe a conversa de Secundino com Quinquim, e isso além de demonstrar uma ação complicadora, também levanta a relação da Guida, que rebate o “atrevimento” com enfado. Outro fato curioso é antes desta conversa, quando há uma briga entre dois novilhotes. É descrito o ambiente, e logo após tio e sobrinho estão em uma ótima relação, não melhor apenas pela necessidade de Quim em falar com a Guida antes de qualquer decisão. Este jogo entre essa parte pode ser considerado uma pista da  relação entre os personagens,deixando subentendido uma futura briga entre tio e sobrinho.
Após a recepção, Secundino e Guida começam suas primeiras conversas, acompanhados da Mãe Anginha que passa boa parte da comunicação cortando os dois, sendo demonstrado aí o interesse na Guidinha, pois passa todo o período em conflito com a Dona Ângela. Essas primeiras demonstrações sentimentais são percebidas também na insistência da jovem em Secundino trabalhar perto da casa que eles se encontram.
Prosseguindo, Secundino causa grande movimentação naquelas terras, e, sem revelar o real motivo dele se encontrar em tal espaço, Guida, e Joaquim recebiam vários curiosos em sua casa. Com o passar do dia muitos foram embora e ficaram somente os mais conhecidos. Foi no jogo que a tia e o sobrinho participaram que as comparações da primeira entre seu parceiro de jogo e seu companheiro de quarto começaram a surgir, e o interesse de Secundino passou a ficar mais forte também, pois além dos elogios dos outros sobre a senhora, ela também demonstrou querer ajudá-lo na justiça, e isso causou uma mudança na forma de vê-la. Outro personagem bastante descrito aqui é o Silveira, com elogios sobre o seu trabalho, e também a menção de que não pode beber por perder a cabeça, outra característica importante do personagem, pois quebra a perfeição criada em cima dele até aqui.
Por causa da chuva é adiada a ida do Secundino para sua nova loja, e assim ficam todos conversando e comendo. O hóspede elogia cada vez mais a comida servida. Após a alimentação ficam conversando com ele Anginha e Quinquim, disputando estes dois nas histórias contadas, até chegar no ponto em que discutem entre a vila ser criada pelo D. José ou pela Dona Maria I. Assim, para fechar com a ideia de um dos dois há a leitura de um infólio, comprovando no final deste a versão da velha, que a defesa era sobre Maria I. Guidinha chegou durante toda essa discussão, ouvindo todo o processo. Nessa parte percebemos a luta da Ângela para comprovar seu passado, dando importância assim para o que foi contado pelos mais velhos e aos documentos, aproveitando  para falar da construção no tempo, com pensamentos sociais em relação à diversidade que compõe um determinado espaço, desde os miseráveis até os que possuem propriedades.
Continuando a história Guida, mostra sua “garra” de mulher do campo, tomando as decisões ela dava ordens para seus empregados, demonstra conhecimento sobre a área. Quando Joaquim aparece a forma de cobrança dela sobre ele expressa o controle possuído. Neste trecho mais indícios do desejo dela por Secundino são dados, primeiro com a vontade dele de ficar no sítio, depois na conversa com Carolina, perguntando se esta gosta do marido e por último vendo uma paisagem e falando para a amiga que o sobrinho apreciaria aquilo. Aqui também levanta a briga entre as famílias dos Silveira com a do Antônio, o segundo acusando os retirantes de furtar animais, e a Carolina se manifestando contra. Uma história é contada nesta parte, carregando uma característica marcante da personagem Carolina, trabalhadora do campo, que é a de utilizar termos ou histórias para expressar situações reais, característica comum entre os empregados da fazenda.

 

Parte II

 

De início, o livro segundo, traz o episódio em que a lavadeira de Dona Guidinha traz as roupas que bateu para a casa e conversa com a sua amiga Dona Anginha, falando saudosamente do lugar onde moravam antes e de como a sua ocupação era melhor executada naquelas bandas. Essas personagens não trazem no decorrer da trama uma complexidade maior. No entanto, neste primeiro capítulo, Naiú aparece despretensiosamente e inofensivamente sendo apenas ponte ou canal de comunicação entre a Dona Guidinha e  Secundino, na parte da narração em que um bilhete de Dona Guidinha é levado à cidade através dele. É por meio desse bilhete que Dona Guidinha mantém contato com o sobrinho de Joaquim e compra de sua loja produtos que ela sequer tinha necessidade. Nessa aparição Naiú não se apresenta de forma complexa, mas veremos mais a frente que ele é fundamental para a execução dos planos de Dona Guidinha, desde os mais simples até os mais macabros. É nesse capítulo ainda que Secundino conversa com o padre da paróquia da vila onde que encontra instalado e ouve diversas histórias sobre a constituição da vila e da igreja, figuras históricas são mencionadas e fazem parte do diálogo de modo a contextualizar Secundino, fazê-lo parte da vila e deixá-lo mais a vontade nesse lugar, a princípio, estranho. É neste lugar estranho, também, que Secundino conhece Eulália, filha do Juiz, futura rival de Dona Guidinha na disputa pelos desejos do moço.
No segundo capítulo dessa parte, uma festa de casamento ocorre, na qual é espalhado o boato de que Secundino e Eulália estavam de namoros pela Vila. Dona Guidinha ao tomar contato com tais conversas sentiu-lhe crescer um sentimento misto de raiva, ciúmes e fazia o máximo para dissimulá-lo. Nesse ponto da narrativa, um canto de pássaro de mau agouro ressoa, num momento em que todos estavam reunidos, dentro do todo da obra podemos pensar que esta era mais uma pista deixada pelo narrador de que as coisas caminhavam para uma desgraça e morte num momento não muito distante dali. Dona Guidinha e Eulália são as mais proeminentes nesse ponto da história, aquela pela astúcia, esta pela inocência em não perceber as intenções de aproximação de Dona Guidinha para controlar seus passos amorosos no tocante a Secundino.
O capítulo 3 que encerra a parte segunda do livro, finaliza com as danças e os “repentes” e da relação festiva que havia no Poço da Moita entre os senhores, os escravos e “agregados”. É nesse capítulo também que a aparição de Silveira e de Secundino surgem no sentido de ocultação de algo, de um crime, algo que Dona Guidinha era a mais bem informada. Naiú aparece de novo enviando ao Secundino outro bilhete de Dona Guidinha para que ele ficasse tranquilo porque mesmo tendo saído o boato do assassinato ela não deixaria que o pegassem para o punir. Então, segue a narrativa para o dia do sambão no terreiro do Silveira, um dos nomes principais da obra, o vaqueiro que Dona Guidinha consulta para realizar um de seus planos no desfecho da narrativa. Durante as danças, Secundino, Dona Guidinha, Eulália, os escravos, todos dançam e se envolvem com as músicas e a festa.
 

Parte III

 

Passadas as festas no terreiro do Silveira, Dona Guidinha continuava se comunicando com Secundino da Vila e comprando diversos de seus produtos. Concomitantemente crescia o interesse de Lalinha por Secundino e permeada de hospitalidade dos servos de Dona Guidinha as personagens principais vão entrelaçando-se num jogo de interesses no qual a vontade da mais poderosa voz prevalecerá, culminando expressivamente isto com o episódio da missa, no qual tais personagens comparecem e trocam olhares durante o sermão. Momento significativo para a tomada de decisões de Guidinha que se seguirá, com vistas a desmotivar a moça de sua paixão pelo sobrinho de seu esposo.
Um fator que pode ser destacado é no IV quando Secundino fica desgostoso com movimento de seu primeiro comércio. Então, seus tios, Quim e Guida, decidem a passar-lhe a profissão de fazendeiro. Isso fará que o contato deste com sua tia Guidinha fique cada vez mais intenso. A organização disto foi feita por Dona Guidinha: “Quem lhe comprou quase tudo foi a Guida” . Ao passo que a construção de sua riqueza ou a tentativa disso é efetuada em modo paulatino, sendo um dos motivos propulsores para que seu casamento com a Lalinha ocorresse.
Embora, a essa altura ele já tivesse tomado certa afeição por esta a ponto de querer casar, este casório só seria efetuado em reflexos de interesses de imagens: tanto social - para todos os efeitos a tentativa de que fosse escondida a relação entre a tia e o sobrinho. Assim como na financeira: por parte de Secundino - embora estivesse “trabalhando” para construir sua própria fortuna, a fortuna da Lala passaria a ser sua, assim como a do seu tio Major por intermédio de Guidinha, sem contar as influências que teria por seu sogro passar a ser o juiz daquelas terras.
A partir disso, destaca-se então, Guida morta de ciúmes pelo sobrinho. E sua característica marcante de ser controladora e autoritária quanto às ações que interferissem o usufruto de seus interesses - como se sabe, Guida não medirá esforços para manter Secundino a seu redor. Assim por intermédio de Aninha Balaio, a seu ver, felizmente, “conseguiria incompatibilizar o Secundino com pai de Lalá”. “(...) assegurou ao doutor que o Secundino lhe furtaria a filha (...). E desde aí passou o homem a implicar seriamente com o rapaz”. Assim como também verifica-se que a Guida por inúmeras vezes tenta desconstruir a imagem de sua rival ao Major Quim. No pensamento ardiloso desta, ele na posição de tio de Secundino, talvez interviesse nesta situação.
No capítulo V, descobre-se a vida sem escrúpulos que Secundino levou até então - pelo fato de estar sendo acusado de homicídio de seu padrasto. Então, a vida pacata e entediante de vaqueiro que passou a ser começa a esmorecer seu afeto por Lalinha. Assim, como segue o trecho exato deste ocorrido: “Era esse apego muito parecido com o ar de novidade que envolve a gente quando atravessamos os dias críticos de uma aclimação; a adaptação já realizada, já se estabelece a pasmaceira do hábito” - Outro fator interessante a ser notado neste trecho é a inserção do leitor que o narrador faz a fim de que seja um interlocutor ativo na compreensão de sentimento do pensamento ou na reflexão deste feito por Secundino. Tal recurso faz com que as ações deste personagem em questão sejam verossímeis ou se transportem à, pelo menos, realidade do leitor.
Uma vez percebido por Guida esse esmorecimento afetivo de Secundino pela Lalinha, acaba concordando, astuta e ironicamente é claro, com o casório destes em uma conversa com seu marido: “devia realmente casar com a Lalinha a quem incensava, às vestas do Major, gabando-a e dizendo que era uma moça de cheirar e agradar, que nem parecia gente de praça... Finuras de mulher, que enganou ao Diabo. Quanto à oposição do pai Juiz de Direito, cessaria com sua intervenção áurea”. Percebe-se neste último destaque, a opinião do próprio narrador sobre Guida, em valor altamente negativo - suas artimanhas são colocadas superiores às do Diabo, visto que é ratificado aqui o posicionamento autoritário de Guida, além de que por vezes ser contraditório. Ora é a favor, ora é contra, a depender daquilo que lhe é conveniente aderir. Essas oscilações comportamentais são mostradas ao leitor através dos costumes diários que permeiam a narrativa da obra, tais como, nas festas, nas missas - na intervenção aos padres pela absolvição Secundino da acusação de homicídio de seu padrasto, por exemplo - o que se sabe que realmente é concedida, nas eleições, entre outras situações.
 

Parte IV

 

Em aspectos gerais de caracterização da parte IV do livro em questão, esta serve para que o Major Damião, o Quim, descubra ou ratifique a traição de sua esposa. Mediante a aproximação de Guida e Secundino ter ficado cada vez mais notória pelo povoado, os próprios amigos já estavam comentando e riam às suas custas.
É também o ponto da narrativa no qual se percebe um sinal apreciativo, diga-se assim, das qualidades de Quim em sinal dessa traição. Ora os valores de Quim são comparados aos de Guida, ora os da Margarida aos de Quim. Nunca estes dois, Guida e Secundino, em manifestação de conduta moral os superará. Assim em referência as estes últimos polos, exemplifica-os nos seguintes fragmentos: “uma sujeita casada com um homem que era um anjo de bondade, sério, que lhe zelava o cabedal de fortuna, e sadio, sem mau hálito, sem vícios, e que era homem só para ela... Que diabo! Não fazer mistério de seus desejos a um rapaz que não se julgava nem esses vigores, nem essas bonitezas...”.
Tal narração é efetuada pela voz do próprio amante de Guida, o Secundino. Em modo de apreciação caracterizadora de sua própria condição: de não estar à altura de seu tio. Tanto moralmente como fisicamente, visto como sabe bem mesmo se juntassem todos os seus valores (independentemente dos financeiros), eles não se equiparariam às qualidades do seu tio Quim. Nota-se que, a princípio este fora pobre, porém honesto. E Guida sempre rica, porém refletiu por vezes ares desonestos.
Entretanto, mesmo rico toda essa situação faz com que Quim tentasse suicídio. Pois o orgulho e a honra, onde ficavam? Assim como se vê: “Que diabo era a vida? Ele ricaço e infamado, o outro pobre e morto de desgraça”. Destacou-se esse trecho, pois repare-se que a possibilidade de morte de Quinquim é realizada neste trecho comparativamente ao termo ‘outro’, além de possuir o qualificador pobre. Este é Machico, inserido nesta altura na narrativa, pode-se dizer, que a modo qualificador que o Major pendesse a querer ter o mesmo destino de seu amigo vaqueiro. Mas, depois ele desiste.
Aqui a característica marcante de Margarida de ser controladora e autoritária é estabelecida a esta por meio de uma tentativa de desconstrução afetiva de Secundino pela sua própria rival, a Lalinha. Portanto, mais uma maneira ardilosa de Guida para ser interrompido o casamento deste dois, tal como será vista na menção irônica que Margarida faz do sobrinho à Eulália, sua pretendente: “- Aquilo? Minha filha, aquilo depois que se meteu de fazendeiro... Eu chego já a arrepender-me de ter inventado aquele arranjo! está um preguiçoso, menina... Olha, uma ocasião deixou de vender não sei quantos bois, por bom dinheiro, só para não montar a cavalo e caminhar duas léguas”.
Tudo isso faz com que o Major, vá desconstruindo seu apreço pela sua esposa e seu sobrinho. Além das idas e vindas do Poço à Goiabeira (onde Secundino morou) entre as festas e os costumes da região são os que mais o afligem. Por exemplo, como desfecho desta última parte: “Guida perguntou logo se passara na Goiabera: Lalinha ia apanhar a resposta, mas o Major não respondeu, caminhando para o quarto (...)”

 

Parte V

 

Na quinta e última parte de Dona Guidinha do Poço temos o clímax da obra, finalmente. Essa é a parte em que o Major Joaquim acaba sendo assassinado a mandado de Guidinha pelo fato dele ter expulsado Secundino, seu amante, da fazenda Poço da Moita.
Nessa parte da obra podemos ver a personalidade de Guidinha aflorando ao máximo ao alimentar um ódio cada vez maior contra seu marido. Ela maquina diversos pensamentos que mostram que cometerá um crime contra o marido. Trechos que mostram o pensamento da matriarca demonstram isso, como:
“Será que este homem se julga mesmo doente de verdade? Ou estará ficando doido?... Não haverá ali dissimulação de alguma trama?... Quererá vingar-se?... Naturalmente, fazer que está longe e aparecer de sopetão... Pois está muito enganado! Verá! O boi sabe a cerca que fura.”
No trecho acima podemos ver Guidinha suspeitando do que o marido poderia estar planejando contra ela e seu relacionamento. A mulher se mostra rancorosa e isso é reforçado nesse próximo trecho:
“O Major Facundo, na Capital, foi pela noite: mas tu serás ao meio-dia em ponto, Major de borra!”.
Guidinha remete ao caso da morte do Major Facundo, em Fortaleza, na época em que o contexto da obra ocorria, onde o homem foi assassinado por pistoleiros enviados pelos seus inimigos. O caso que ocorre em Dona Guidinha do Poço é semelhante, já que a mulher ordena o assassinato de Joaquim. Não só uma, mas duas vezes.
A primeira tentativa é de Lulu Venâncio, homem acusado de assassinato, era valentão e Guidinha acreditou que teria o sangue frio para matar o marido dela, porém não foi isso que ocorreu. Lulu arrependeu-se de seu crime anterior, decidindo entregar-se para a justiça e constatou que não tinha “culhões” para um assassinato a sangue frio.
A segunda tentativa foi a de Naiú, menino que vivia na fazenda do Poço da Moita. Silveira, que também tenta assassinar Joaquim, não por mandado de Guidinha, mas sim por uma desavença contra o homem, revela que Naiú é um discípulo e retrata em um trecho mais sobre o que seria realmente o garoto:
“Quem? O Naiú! A Cumade não sabe quem  está ali naquele molecão! Aquilo pra um Cabelera só falta principiar...”
O trecho traz uma comparação de Naiú com uma figura histórica. A figura, no caso, é o cangaceiro Cabeleira, acusado de vários crimes e é também um dos mais perigosos cangaceiros da história. Isso é complementar a diversos apontamentos no decorrer do livro sobre Naiú. Sempre falava-se do garoto como forte e perigoso, porém nunca num sentido literal de assassino, mas revela-se ao lermos que o moleque enfia um punhal a sangue frio no pescoço de Joaquim no meio do dia.
Joaquim, antes de seu assassinato, mostra-se um homem mais determinado na quinta parte do que no resto da história. Ele cria coragem de expulsar Secundino da fazenda, assumindo uma proposta mais autoritária e de iniciar um plano que tinha como objetivo se divorciar de Guidinha. Ele chega a essa conclusão depois de muito debater com párocos da vila.
Secundino, por sua parte, não tem grande participação nestes momentos. Depois de ser expulso da fazenda, ele desaparece e fica apenas na memória de Guidinha, aprisionada depois de Naiú admitir todo o crime, fazendo com que chegassem até ela. Guidinha acaba perdendo a confiança de toda a vila, porém ela, ao ser presa, continua demonstrando toda sua aura pomposa com um sorriso no rosto, não desfazendo a forte imagem matriarcal e poderosa que tivemos apresentada em toda a trama.
Uma coisa notável no fim do livro é a demonstração de que a vila é uma terra com as próprias leis ou, praticamente, sem leis. Acusa-se Guidinha do assassinato, mas apenas ela é presa. Seus cúmplices claros continuam soltos ou fogem para longe. O livro mostra-se ser cruel para certos padrões, já que a morte é tratada como algo muito natural.